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Geleiras derretendo

‘Vírus zumbis’ estão à espreita com novos e perigos potenciais

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Autor/Imagem:
Svetiana Ekimenko/Via Sputniknews - Foto Reprodução

Uma grande quantidade de micróbios que estiveram adormecidos por centenas de milênios, envoltos por camadas de gelo, podem ser liberados gradualmente à medida que faixas de território sucumbem ao aquecimento global, alertaram cientistas.

Um grupo de estudiosos tem revivido e examinado vários dos chamados “vírus zumbis” que emergem de vastas áreas de derretimento de geleiras siberianas em meio ao aquecimento global.

Permafrost é o solo permanentemente congelado, como as faixas que se estendem pelo Hemisfério Norte, na Rússia, Canadá e Alasca. O permafrost é abundante em matéria orgânica de plantas e animais mortos há muito tempo, congelados sob camadas de gelo.

Vírus congelados com milhões de anos estão sendo deliberadamente reanimados a um estado em que se tornam capazes de infectar outros organismos, para que os perigos potenciais de que estão repletos possam ser avaliados.

Liderada pelo microbiologista Jean-Marie Alempic, do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica, a equipe de cientistas delineou suas preocupações de que esses vírus possam se tornar uma espécie de bomba-relógio quando ressurgirem de sua residência fechada por gelo.

“É … legítimo ponderar sobre o risco de partículas virais antigas permanecerem infecciosas e voltarem à circulação pelo degelo de antigas camadas de permafrost”, afirmaram os cientistas em um artigo publicado no bioRxiv, mas ainda a ser revisado por seus pares.

Muitos desses vírus pré-históricos são detalhados no novo estudo. Um deles é um ‘vírus da ameba’ que se acredita ter 48.500 anos. Cada um deles, descrito como sendo recuperado de 7 diferentes amostras antigas de permafrost da Sibéria, possui um genoma distinto de todos os outros vírus conhecidos.

A pesquisa utilizou culturas vivas de amebas unicelulares para provar que vírus há muito adormecidos podem se transformar, após seu despertar, em patógenos perigosamente infecciosos.

A equipe fez referência a estudos anteriores de vírus “vivos” descobertos, como o pitovírus que atacou a ameba em 2014 e o mollivírus em 2015. Para aqueles que descartaram qualquer ameaça potencial à saúde pública proveniente de descobertas “raras” de “vírus zumbis”, os cientistas responderam assim:

“Também estamos vendo um grande número de bactérias liberadas no meio ambiente à medida que o mundo esquenta, mas, considerando os antibióticos à nossa disposição, pode-se argumentar que eles seriam menos ameaçadores. Um novo vírus – como o SARS-CoV-2 – poderia ser muito mais problemático para a saúde pública, especialmente à medida que o Ártico se torna mais populoso. A situação seria muito mais desastrosa no caso de doenças vegetais, animais ou humanas causadas pelo ressurgimento de um antigo vírus desconhecido.”

Os cientistas ressaltaram que mais estudos serão necessários para descobrir até que ponto esses vírus retêm seu potencial infeccioso após serem expostos à luz, calor e oxigênio, uma vez que escapam do gelo.

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