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Advogado dos réus do Carandiru deixa audiência e é aplaudido

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O advogado que defende 15 policiais militares acusados de matar oito presos do complexo penitenciário do Carandiru abandonou o plenário do júri nesta terça-feira porque, considerou, o juiz que presidia os trabalhos o tratava “de forma diferente, não afável” desde a véspera. Celso Vendramini deixou o plenário 10 do Fórum Criminal da Barra Funda com votos de “parabéns” dirigidos a ele nos corredores do prédio por PMs da Força Tática e estudantes de direito.

A atitude do advogado, tomada durante o interrogatório do coronel Arivaldo Salgado pelo promotor Eduardo Olavo Canto, ocorreu depois de dois depoimentos de testemunhas de defesa – o ex-secretário de Segurança Pública do Estado Pedro Franco de Campos e o agente penitenciário Francisco Leme, que fez uma série de desmentidos de declarações que ele próprio dera sobre o massacre do Carandiru em depoimentos à polícia em 1992.

Para Vendramini, o juiz que presidia o júri, Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo, estaria sendo parcial depois de supostamente tê-lo chamado, ontem, após o julgamento, de “mal educado” por conta de uma discussão do advogado, em plenário, com os promotores Canto e Márcio Friggi.

O advogado dos PMs se irritou quando Canto lia trechos de um depoimento anterior, do coronel, antes de fazer as perguntas. Ao intervir perante o juiz, Vendramini não teve o argumento aceito pelo magistrado. Na sequência, avisou que abandonaria o plenário e jogou a toga usada nos julgamentos, e o próprio terno, na mesa que ocupava com uma auxiliar. O próprio advogado, entretanto, adotara a leitura de peças ao interrogar sua testemunha – no caso, o agente penitenciário, horas mais cedo.​

“Abandonei o plenário porque está havendo parcialidade por parte do juiz com o Ministério Público; sempre foi assim, sempre será assim. Estão faltando juízes que tenham competência para trabalhar no Tribunal do Júri”, classificou. “Não sei se o juiz está mal intencionado, mas estou percebendo que para o Ministério Público tudo, e para a defesa, nada”, declarou, para classificar como “um circo” as atitudes do MP durante o julgamento. “Se o réu já respondeu, não há que se perguntar mais. Estão induzindo o réu a responder aquilo que desejam, e no meu modo de entender, o MP fez desse julgamento um circo.”

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