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Agnelo prepara venda da Ceasa para ajudar aliados como Paulo Octávio

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O olho grande por dinheiro do governador Agnelo Queiroz (PT) não repousa apenas no megalomaníaco e frustrado projeto do Parque Tecnológico Cidade Digital e num visionário Centro Financeiro Internacional em Brasília. A sede agora abre a boca para ser saciada onde são vendidos grãos, frutas, legumes, verduras e flores.

O novo alvo é a sede da Ceasa, no Setor de Indústria e Abastecimento. O plano de Agnelo, se reeleito, é transformar a área em setor residencial para fazer brotar apartamentos. Poucas empreiteiras, como a do ex-vice-governador Paulo Octávio (PP), aliado do Palácio do Buriti, seriam beneficiadas com a medida.

A denúncia é do jornalista Chico Sant’Anna, candidato a deputado distrital pelo Psol. Há, porém, um alento. Ruim nas pesquisas (tem algo como a metade das intenções de voto do seu adversário José Roberto Arruda, do PR, e com uma administração avaliada como ruim e péssima pela sociedade) é pouco provável que Agnelo ganhe mais quatro anos no Palácio do Buriti. E com ele fora do governo, a Ceasa resistirá.

Veja trechos da reportagem de Chico Sant’Anna, publicada originalmente no blog do jornalista. O link é http://wp.me/pWXF5-1Vh.

Desde o governo Arruda, as margens da Estrada Parque Indústria e Abastecimento – EPIA passaram a abrigar luxuosos condomínios residenciais. A ação das imobiliárias e empreiteiras vem deformando o projeto original de diversas áreas de Brasília, que não estão protegidas pelo tombamento feito pela Unesco. Foi assim, com o antigo estádio Pelezão, atrás do supermercado Carrefour, com diversos terrenos no Setor de Oficinas Sul, próximo ao Casa Park, e, agora, a bola da vez parece ser o imenso terreno onde está instalada a Central de Abastecimento de Brasília, a Ceasa, próximo ao Cruzeiro.

Toda esta cobiça foi arquitetada há anos. Teve início no final do governo de Joaquim Roriz, em 2006. A região do SCEES, SGRV e SOF Sul teve sua destinação alterada de apenas industrial e comercial para industrial, comercial e residencial pela Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) chegou a arguir a inconstitucionalidade da mudança de uso da área.

Em 2009, após a demolição do estádio do Pelezão, que pertencia a Federação Metropolitana de Futebol, passaram a existir no local diversos condomínios de luxo. Nos anos 60,o terreno foi doado gratuitamente a entidade,sob a condição dela erguer o estádio municipal de Brasília. Só a metade chegou a ser edificada. Na administração Cristovam Buarque a venda do imóvel foi impedida pela Terracap, sob a justificativa de que sem o estádio o terreno deveria voltar ao patrimônio público. A mesma ação aconteceu em relação ao terreno do Jóquei Clube de Brasília, às margens da EPTG. Em ambos os contratos de doação havia cláusulas de que se a missão do terreno – construção do estádio e do jóquei, respectivamente – não fosse materializada, as propriedades deveriam ser retomadas pelo GDF.

Hoje o estádio deu lugar a centenas de apartamentos. Parte desses empreendimentos interessava diretamente o então vice-governador Paulo Octávio, hoje filiado ao PP, partido da base do governo Agnelo.

Os produtores rurais que atuam na Ceasa estão preocupados. É voz corrente entre eles que tão logo passem as eleições, no mais tardar no próximo ano, eles serão transferidos para uma nova área. A mudança não agrada nem a consumidores, nem a produtores, nem a comerciantes. As novas instalações seriam próxima à Planaltina. O enorme terreno onde se encontra atualmente a Ceasa seria, segundo informam os produtores, vendido pelo GDF para os empresários imobiliários do Distrito Federal. A Central de Abastecimento do Distrito Federal é uma empresa da economia mista integrante do complexo administrativo do GDF. Bastará uma decisão do governador em colocar à venda aquele imóvel.

A mudança da Ceasa para uma área distante dos consumidores e geograficamente mal localizada em relação aos produtores pode afetar profundamente o papel da instituição. Criada no final da década de 70, ela tem como objetivo incrementar a produtividade no setor ruralista e aprimorar a distribuição de produtos hortigranjeiros. Assim, a Ceasa nasceu com a missão de reduzir custos de comercialização de produtos hortigranjeiros no atacado, propiciando ao consumidor alimentos frescos e de qualidade a preços reduzidos.

Lá, diariamente se abastecem pequenas mercearias, restaurantes e cidadãos que vão em busca, principalmente, de produtos orgânicos. Os boxes garantem receita mensal de R$ 90 milhões, graças ao público diário de 10 mil pessoas. Desta forma, ela funciona como facilitador do escoamento da produção agrícola local e do Entorno, bem como entreposto de produtos que vem de outros Estados. Propiciando maior concorrência entre a produção candanga e a que vem de fora, ela contribui para a fixação de preços mais justos. Além disso, ela interage com o ministério da Agricultura e do Abastecimento na formação de normas de classificação e padronização de hortaliças e frutas.

A Ceasa abriga atacadistas oriundos de 19 estados e do DF. Com o deslocamento da Ceasa para Planaltina, a instituição que hoje está em um ponto central de Brasília, de certa forma equidistante para consumidores e produtores de todas as regiões do Distrito Federal, poderá perder em consumo, recebimento de produtos e, consequentemente, deixar de desempenhar seu papel legal de maneira eficiente.

As áreas de produção agrícola da Capital Federal se espalham por diversos cantos do quadrilátero do território do Distrito Federal. Em Brazlândia, por exemplo, há grande produção de tomates e morangos, além das chácaras do projetos do Incra. O Núcleo Rural Alexandre Gusmão responde sozinho por 11% de tudo o que é vendido no local. Na saída para Unaí, depois de São Sebastião, existe a Região do PA-DF,  conhecida por sua produção de grãos. Existe a produção da Vargem Bonita, instalada por japoneses no inicio de Brasília, a pedido de JK. Todos esses produtores teriam que atravessar toda Brasília, em percursos de ida e volta que poderão chegar a perto de 80 quilômetros, encarecendo a mercadoria, e elevando o custo de vida de todos os brasilienses.

As instalações construídas nesses quase quarenta anos de existência atendem não só a produtores de hortigranjeiros, mas também a produtores e comerciantes de flores, produtores de grãos, que se valem de um  silo de armazenamento de grãos operado pela Companhia Nacional de Abastecimento do Brasil – Conab, com área total de 104.000 m², e até um complexo frigorífico com capacidade de armazenamento para 7.000 toneladas de produtos, inclusive vacinas do Ministério da Saúde e da Secretaria de Saúde do DF, com área total de 40.000 m².
As demais instalações da Ceasa envolvem

8  pavilhões permanentes destinados a empresas estabelecidas, para comercialização atacadista de produtos hortigranjeiros, num total de 21.697,05 m² de área construída;

1  pavilhão não permanente destinado a produtores agrícolas, para a comercialização atacadista da produção local, com área de 8.682,50 m²;

1 pavilhão permanente destinado à comercialização de insumos agropecuários, com área de 2.039,20 m²;

1  pavilhão permanente destinado a lojas de serviços de apoio (bancos, farmácias, casa lotérica, etc.) e administrativos, com área de 2.850,25 m²;

1 posto de abastecimento de combustíveis, com área total de 7.200 m²;

1 hipermercado atacadista (Makro Atacadista), com área total de 60.000 m²;

1 (uma) balança rodoviária com capacidade paa pesagem de 62.000 kg.

No caso de uma transferência para outro local, todas essas instalações precisariam ser reconstruídas, além da abertura de vias de acesso.

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