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Universidade

Baixa renda perde feio a batalha pelo canudo de papel

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Carolina Paiva, Edição

Imagine a seguinte situação: você é um estudante de baixa renda em época de vestibular. Depois de muito estudo e esforço heroico, graças à péssima qualidade das escolas, você vê seu nome na lista de aprovados em uma universidade federal ou estadual. Felicidade total. Já de cabelo raspado no trote e frequentando as aulas, um choque: o estudo é grátis, mas estudar ali não é tão barato quanto te fizeram acreditar.

A primeira dura realidade do novo universitário é que, infelizmente, é impossível trabalhar frequentando uma universidade pública.

Quando se estuda em faculdade pública, uma das primeiras mudanças notáveis são os horários de aulas. A grade de um aluno é totalmente maluca. A primeira aula pode ir das 10:00 às 12:00, e a próxima só de tarde, das 16:00 às 18:00. Com esse calendário bagunçado, como é que um estudante consegue um emprego? Pois é, salvo raríssimas exceções, não consegue. Para quem vem de uma família com boas condições financeiras, é possível se dedicar apenas aos estudos. Aos alunos que saem de lares com menor poder aquisitivo, sobra somente o auxílio estatal.

O governo ajuda os alunos de baixa renda de diversas formas. Existem os passes estudantis para o transporte e os restaurantes universitários que custam, em média, de R$ 2 a R$ 4 por refeição Parece barato, mas se considerarmos que um aluno pode fazer as três refeições na universidade, o custo diário pode chegar a R$ 12 reais. Ao longo do mês, um estudante queima R$ 252 somente para se alimentar. Parece pouco, mas para uma família com renda até R$ 1.500,00, usada para manter marido, esposa e três dependentes, é muito dinheiro.

Para esses alunos é impossível frequentar uma sala de aula sem as bolsas governamentais. Uma delas é o Programa Nacional de Bolsa Permanência, que destina R$ 400 mensais a alunos que estudam em uma cidade diferente de onde residem, provenientes de uma família com renda inferior a 1,5 salário mínimo e que tenham carga horária diária próxima a 5 horas. A solução encontrada pelos estudantes que estudam longe de casa é ficar em uma república. Um quarto nas repúblicas próximas não sai por menos de R$ 500,00 e podem chegar, brincando, a R$ 1.500,00 nas mais badaladas.

Hora da calculadora:
Refeição econômica: Entre R$ 126 e R$ 252 por mês para comer três vezes no bandejão.
Transporte: Grátis.
Festas: No mínimo R$ 100 para festas/cerveja.
Vestuário: No mínimo R$ 50 para manter um guarda-roupa enxuto.

Para quem mora longe ou sozinho
Moradia: Entre R$ 500 e 900.
Higiene: R$ 50 de papel higiênico, escova, sabão e derivados.

Como pode ser observado, frequentar uma universidade pública custa, no mínimo, R$ 500,00 por mês. A mensalidade é grátis, mas a carga horária muitas vezes te impede de trabalhar, pelo menos nos primeiros semestres, o que torna a vida do estudante de baixa renda extremamente complicada.

Há a possibilidade do estágio, mas ele dificilmente aparece nos primeiros semestres. Quando aparece, é uma boa alternativa, já que a Lei do Estágio garante a compatibilidade com carga horária. O salário médio, de acordo com o SINE, é de R$ 800, mas na prática as empresas oferecem R$ 600 por 6 ou 8 horas diárias trabalhadas.

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