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Educação desvalorizada

Estudantes de Escolas Classe ficam sem Escola Parque

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Carolina Paiva

Afinal, o que anda acontecendo com o sistema educacional público de Brasília? Até onde o governo vai continuar adotando medidas radicais em prejuízo dos estudantes? Essas são algumas das muitas perguntas que professores, pais e alunos de escolas da Asa Norte estão se fazendo, a partir do veto de acesso de estudantes à Escola Parque, da Asa Sul.

“Nós, pais e responsáveis (da Escola Classe 304), fomos pegos de surpresa, já no final do ano letivo e, ironicamente, logo após termos participado da eleição da direção da Escola Parque 308 Sul, pela notícia de que essa instituição não mais nos atenderá”, afirma em tom de desgosto manifesto encaminhado à redação de Notibras.

A nota acrescenta: “É com pesar que recebemos essa informação, uma vez que reconhecemos a riqueza cultural que a Escola Parque agrega à formação de nossas crianças. As atividades artísticas, musicais e físicas – que compõem o currículo do Ensino Fundamental – foram, até então, lá desenvolvidas com excelência.”

– A mudança decorre da necessidade de adequação das escolas que oferecem ensino em tempo integral no Plano Piloto ao programa Novo Mais Educação, lançado em outubro deste ano. A partir de 2017, as Escolas Parque atenderão, exclusivamente, as turmas dessas escolas, no contraturno. Como pais, somos defensores da educação pública integral e de qualidade e reconhecemos que essa organização oferecerá uma rica experiência aos estudantes atendidos, acrescenta o manifesto.

Depois de recordar que este é o formato original proposto por Anísio Teixeira na ocasião do planejamento e construção de Brasília, pais e professores enfatizam que originalmente todas as crianças estudariam em horário integral, sendo atendidas, diariamente, na Escola Classe e na Escola Parque.

“Infelizmente, esse plano nunca se concretizou: a grande maioria das escolas previstas, sequer saiu do papel e a realidade da capital em muito se diferenciou daquela idealmente planejada. Em uma adaptação, as poucas Escolas Parque existentes passaram a receber os estudantes do Plano Piloto apenas um ou dois dias da semana”, sublinha o texto.

Em seu desabafo, pais e professores lembram que o valor da escola integral é amplamente reconhecido e as políticas públicas voltam a fomentá-lo. Citam, a esse respeito, o Plano Nacional de Educação, aprovado em 2014, que determina que, até o final de sua vigência, em 2024, a educação em tempo integral seja oferecida por ao menos 50% das escolas públicas do país. “E é nesse contexto que nasce o já citado programa Novo Mais Educação, que fomenta a ampliação dos tempos escolares”, frisa.

Na opinião desse grupo, a solução encontrada pela Secretaria de Educação do Distrito Federal para adequar-se ao programa “apenas mascara os problemas enfrentados pelas nossas escolas. Por esse caminho, o acesso ao serviço oferecido pela Escola Parque fica ainda mais restrito quando, tendo em vista sua inquestionável qualidade e contribuição para o desenvolvimento dos estudantes, deveria ser ampliado, universalizado. Além disso, nesse formato, as atividades de arte e educação física passarão a ser oferecidas nas próprias Escolas Classe que, notadamente, não têm estrutura adequada, tendo em vista que não foram planejadas para isso. São escolas sem quadras poliesportivas, sem salas destinadas a arte e com o espaço físico restrito.”

Na verdade – do ponto de vista de pais e professores – essa situação é reflexo da falta de valorização da educação que assombra o País ao longo de sua história. “Nos parece claro que a ampliação da carga horária das escolas públicas requer, como sugerido pelo Plano Nacional de Educação, a ampliação e reestruturação das escolas, dentre outras medidas que nossos gestores não estão dispostos a tomar por não estarem comprometidos com uma educação de qualidade. Recorrer a “jeitinhos” que não só não resolvem o problema de fato como também criam outros apenas contribui para um cenário de instabilidade que não é favorável ao progresso que buscamos.”

A decisão do Palácio do Buriti, encerra o manifesto, lesa a sociedade, vítima de uma “decisão autoritária que afeta diretamente a qualidade do ensino de nossos filhos; assim, desejamos ampla discussão do assunto, respeitando os princípios da gestão democrática tão defendida pela Secretaria de Educação do Distrito Federal. Lutamos pela democratização da Escola Parque!”

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