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‘Empreiteiras criaram o clube na era FHC, mas a propina só passou a ser cobrada com PT’

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O cartel de empreiteiras que atua na Petrobras e que está sendo investigada no escândalo do Petrolão pela operação Lava Jato, começou a dividir o bolo das obras no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) mas as propinas só começaram a ser cobradas a partir do momento em que o PT assumiu o poder. Quando o ‘clube’ foi criado – e durante todo o segundo governo tucano – a Petrobras desconhecia os acordos entre as empresas.

Essas revelações foram feitas por Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, dono da Setal Engenharia e um dos delatores do esquema de corrupção na Petrobras, em depoimento à Justiça Federal do Paraná. O ‘clube’, disse o empresário, funciona até hoje, e é composto por nove empreiteiras, segundo versão apresentada pelo G1 nesta terça-feira 10.

No depoimento, Mendonça Neto acentuou que o cartel passou a ter efetividade a partir de 2004, quando as empresas passaram a negociar contratos com os ex-diretores da estatal Paulo Roberto Costa e Renato Duque. A partir daí, segundo o executivo, houve cobrança de propina para que as empresas obtivessem contratos.

“As empresas, com o intuito de se protegerem, fizeram um acordo entre si de não competirem entre elas mesmas. Naquela ocasião eram nove companhias e tinham o compromisso de não competir. Cada uma escolhia uma determinada obra por uma visão de mercado futuro e quando chegasse a vez daquela companhia, as outras companhias se comprometiam a submeter preços superiores”, afirmou em depoimento.

Para o empresário, naquela época, a combinação tinha resultado “muito relativo” já que, segundo ele, o número de companhias que prestavam serviços para a Petrobras era bem maior do que as nove empresas integrantes do “clube”.

“Isso [o acerto entre as empreiteiras] passou a ter efetividade, de fato, a partir do ano de 2004, quando este grupo negociou com a diretoria da Petrobras, com os dois diretores, Paulo Roberto [Costa] e Renato Duque, de modo que a lista de convidados fosse restrita às empresas que participassem desse grupo. A partir daí, durante um período, o resultado dessas reuniões, dessas escolhas, passou a ser mais efetivo”, acrescentou Mendonça Neto.

O executivo explicou ainda que o pagamento de propina para a obtenção de contratos foi negociado com o ex-deputado já falecido José Janene (PP) na diretoria comandada por Costa, e com Duque e o ex-gerente Pedro Barusco, na diretoria de Serviços.

Mendonça Neto afirmou à Justiça que, após a entrada de Costa e Duque nas negociações, as reuniões do grupo de empreiteiras passaram a ser mensais. Ele disse ainda que, a partir de 2006, outras sete empresas passaram a integrar o cartel.

Ele também disse em seu depoimento que, a partir do fim de 2011 e começo de 2012, a atuação do clube foi perdendo eficácia. Para o empresário, naquela época, a combinação tinha resultado “muito relativo” já que, segundo ele, o número de companhias que prestavam serviços para a Petrobras era bem maior do que as nove empresas integrantes do “clube”.

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