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Grito dos Excluídos acaba em briga e prisões de ativistas

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A passeata da 20ª edição do Grito dos Excluídos, realizada no centro do Rio de Janeiro depois do desfile cívico de 7 de setembro, foi marcada por um confronto entre policiais e manifestantes no início da tarde de domingo. Após queimaram a bandeira nacional, dois integrantes do protesto foram presos. Para conter o empurra-empurra, que ocorreu na altura da Central do Brasil, os policiais usaram spray de pimenta.

O jornalista Patrick Granja disse ter sido agredido por um policial militar. “Estava terminando o ato próximo ao Hospital Municipal Souza Aguiar, quando os policiais começaram a bater nas pessoas. Um deles me atingiu com o cassetete. Tentei filmá-lo e ele me deu outra cassetada”, afirmou. Granja mostrou as imagens a um coronel da Polícia Militar, responsável pela tropa, e foi aconselhado a procurar a corregedoria da corporação, mostrando as imagens.

Na confusão, uma terceira pessoa também foi detida. Parte dos manifestantes se dispersou depois do tumulto, enquanto outro grupo manteve a caminhada até a estátua de Zumbi dos Palmares, onde houve discursos.

Os manifestantes levavam cartazes com fotos de vítimas da ditadura militar de 1964 e da polícia nos recentes protestos ocorridos desde junho do ano passado. Houve cartazes também pedindo o voto nulo para as eleições de outubro, mais dinheiro para a educação pública, o fim das rodadas de licitação do petróleo e outras melhorias.

A jornalista Ieda Raro diz que foi ao protesto para chamar a atenção da população sobre a situação do Hospital Municipal Salles Neto, na zona norte da capital fluminense. “A gente tem que ter transparência. As pessoas têm que saber o que está acontecendo com a saúde pública no Rio de Janeiro”, disse.

A servidora pública Solange Jacques levou as três netas para o protesto. “É de criança que se aprende. As minhas netas já foram há várias manifestações”, contou.

Já o morador da Ilha do Governador Ricardo Novaes aproveitou o Grito dos Excluídos para pedir melhorias no transporte público. “Com a instalação  do BRT [Bus Rapid Transit] na Ilha do Governador, as kombis e vans [de transporte alternativo] não vão poder mais circular pelo bairro. Vai ficar difícil para os moradores. Não é só a questão do transporte. Querem mostrar que o Brasil não tem problema algum. A cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, está cheia de problema”, avaliou.

Na capital paulista, a passeata do Grito dos Excluídos reuniu 200 pessoas. O grupo caminhou, por volta do meio-dia, da Praça da Sé ao Largo do Café, na região central da cidade. Esta foi a 18ª edição do Grito em São Paulo e teve como tema a questão da criminalização das manifestações.

De acordo com Paulo César Pedrini, coordenador da Pastoral Operária Metropolitana de São Paulo e integrante da organização, o lema foi ocupar ruas e praças na luta por direitos. “Em São Paulo, a gente resolveu priorizar três eixos: a criminalização do movimento sindical e social, o direito de greve e também a questão da água, que há muito tempo não se investe seriamente”, disse.

“Nós viemos aqui para representar a nossa aldeia, mas as outras etnias também. Estamos reivindicando melhorias para nós. Reivindicamos saúde, transporte, escola para os nossos filhos. Somos muito discriminados. Reivindicamos também a demarcação das nossas terras”, completou o índio Salvador, da etnia Kaimbê, que tem 1,2 mil integrantes vivendo em uma aldeia da região de Heliópolis, zona sul.

O ato teve participação das pastorais sociais da Arquidiocese de São Paulo, das centrais sindicais e de outros movimentos.

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