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Grupo parlamentar vai lutar para manter área da Embrapa Cerrados

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A criação de uma comissão de parlamentares distritais e federais para dialogar com o governador Agnelo Queiroz foi um dos resultados da audiência pública realizada na Câmara Legislativa, nesta segunda-feira (9), para debater o impasse criado com a decisão do GDF de usar uma área importante de pesquisas agropecuárias da Embrapa Cerrados para a construção de habitações populares.

“Precisamos das habitações, uma necessidade diagnosticada. Ao mesmo tempo, precisamos dar continuidade às pesquisas cujos resultados são de longo prazo. Se interrompidas agora, nunca será possível chegar a uma conclusão”, disse Joe Valle (PDT), de quem partiu a iniciativa da audiência pública. Segundo o deputado, a situação denota falta de planejamento e desentendimento entre áreas distintas do mesmo governo.

“O que estão fazendo com a Embrapa é um crime. Homens e mulheres dedicaram anos de suas vidas para produzir um trabalho que vai trazer benefícios para a população como um todo. Acabar com essa pesquisa tem um custo alto, que precisa ser medido”, opinou a deputada Celina Leão (PDT).

“Não é justo corrigir uma injustiça cometendo outra”, acrescentou a deputada federal Érika Kokay (PT-DF), que propôs a criação da comissão de parlamentares.

Coube ao pesquisador aposentado Edson Lobato falar das conquistas da Embrapa Cerrados e descrever os experimentos realizados nos 90 hectares à margem da BR-020, área requisitada pelo GDF. Uma das pesquisas realizadas no local visa a reduzir a emissão de gás carbônico pelo gado bovino do Cerrado, a partir da genética dos animais e da planta de pasto.

Outro experimento trata do aumento das taxas de lotação nos pastos recuperados da degradação produzida pelo uso sucessivo. “Poderíamos dobrar a área cultivada sem desmatar”, explicou Edson Lobato, contemplado com o World Food Prize, prêmio destinado àqueles que contribuem para melhorar a qualidade, a quantidade e a disponibilidade de alimentos no mundo.

“São 35 anos de pesquisa que podem impactar a agropecuária brasileira. Mudar de área, como propôs o GDF, significa começar do zero”, lamentou Lobato. A Embrapa Cerrados tem 94 pesquisadores, todos com pós-graduação, e 430 empregados.

“Quando começamos, em 1975, pesquisadores norte-americanos duvidavam que pudéssemos transformar o Cerrado em área produtiva. Termos feito isso é uma das maiores conquistas da agronomia”, declarou, lembrando que o Cerrado é responsável, hoje, por 60% da produção de soja no País, 95% da produção de algodão e 40% da de feijão.

Participaram da audiência pública o subsecretário de Habitação da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Janio Rodrigues; o diretor de Regularização de Imóveis Rurais da Terracap, Moisés Marques, e o professor da Universidade de Brasília (UnB) Frederico Flósculo, entre outros.

Zínia Araripe

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