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Homem que denunciou filho por assassinato é alvo de ameaças

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Um microempresário de 45 anos viu a vida virar do avesso depois de denunciar o próprio filho de 17 anos à polícia pela morte de um adolescente no Distrito Federal. Preferindo não se identificar, ele conta que há exatamente um mês recebeu uma ligação do jovem contando que atirou em um colega que lhe devia dinheiro.

O pai decidiu telefonar para o 190 e para uma delegacia na mesma hora, por discordar da atitude do menino. O rapaz foi apreendido, mas o problema só aumentou: amigos da vítima ficaram revoltados por não poderem se vingar e passaram a ameaçar o homem, informa o G1..

O crime aconteceu pouco antes das 5h do dia 19 de outubro, às margens da Avenida Alagados, em Santa Maria, e a cem metros da casa deles. De acordo com o microempresário, o filho reclamava que estava sendo perseguido pelos vizinhos desde que passou a cobrar de um deles o pagamento de uma arma que havia vendido – o valor não foi informado. O garoto teria decidido matar o colega para pôr fim à situação.

“Tenho cinco filhos, ele é o do meio. Ele estava trabalhando comigo. Eu o levei para a igreja, tentei arrumá-lo, mas não deu. A gente cogitou ir embora, mudar para Palmas [TO]. Não deu tempo de ir”, conta, com a voz embargada. “Ele me dizia: ‘além de eu vender a arma, o cara ainda veio me matar’. É menino, você sabe como é menino nessa idade. Eu nunca concordei com isso, eu sempre briguei, mas também não tinha como pôr meu filho para fora, negá-lo. É meu filho. Eu estava dormindo, eu não vi nada. Se eu te falar que eu soubesse que ia acontecer uma tragédia dessas, eu tinha evitado ao máximo.”

Por causa das ameaças dos vizinhos, o microempresário abandonou a casa onde a família morou nos últimos 20 anos. Ele passou a se abrigar na residência de amigos e a só sair dentro de porta-malas de carros de pessoas em quem confia. O homem também passou a tomar tranquilizantes para conseguir dormir.

“Fiz isso por amor e porque sei que, sem isso, ele seria assassinado. E, também, porque não sou conivente com isso, com ato errado. Acho que a pessoa que faz ato errado tem que pagar, mas para a Justiça, não fazer a família pagar. Entendo o sofrimento do outro lado, da mãe do outro rapaz. Foi justamente a família dela que pediu que não me matassem”, declarou.

O homem registrou as ameaças na 33ª Delegacia de Polícia, que acompanha o caso. Já o jovem foi ouvido na época na Delegacia da Criança e do Adolescente e depois encaminhado a um centro de internação. O pai diz que não tem previsão de conseguir visitá-lo.

“Estou proibido de ir à minha casa, tirar minhas próprias coisas. Estou em pânico, com síndrome, tomando Rivotril [antidepressivo]. Já pensei em tirar minha própria vida. Me parte o coração saber que vou ter um filho preso e abandonado, arriscado a ser assassinado a qualquer momento (sic)”, afirmou o microempresário. “Pedi proteção à polícia, mas disseram que tinham coisas mais importantes a fazer.”

A polícia informou que orientou o homem a voltar à delegacia para verificar as possibilidades de incluí-lo no programa de proteção a testemunhas. No DF, a iniciativa é regida pela Lei 3.404, promulgada pelo então governador Joaquim Roriz em 2004.

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