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Jantar com o rei Olavo da Noruega, mas sem o anel de brilhantes

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José Escarlate

8 de setembro de 1967 – Tentando readaptar a vida em Brasília, depois de algum tempo no Rio, fomos convidados – eu e Aurora – para a recepção que haveria no Palácio Itamaraty, ainda em obras, em homenagem ao Rei Olavo V, da Noruega. Seria uma visita oficial de dois dias. A programação era intensa. Aí começou a correria.

A recepção ao Chefe de Estado norueguês exigia traje a rigor, com condecorações. Eu só tinha um terno azul marinho. Fui à Casa Paranoá, na W-3 Sul, comprar um smoking. De quebra, camisa, gravata borboleta, cinta de cetim negra, sapatos, abotoaduras e meias pretas. Fiquei, como dizem os franceses, “au grand complet”. Parecia artista de cinema.

O grupo da festa se reuniu no apartamento do Onetti e da Inês, na 308 Sul, onde as mulheres se vestiriam, fariam a maquiagem e depois sairíamos todos juntos para o Itamaraty. Aurora tirou do dedo uma aliança de brilhantes, que ganhara no casamento, e colocou sobre o toilete do banheiro da suíte do apê.

Enquanto se pintava, fazendo os retoques, a bendita aliança desapareceu como que por encanto. Não é preciso dizer que o toilete estava cheio. Era um entra e sai de mulher que não acabava mais. Ela deu o alarme, todo mundo se movimentou, mas nada. A aliança havia desaparecido, o que esfriou o ânimo de todos. Ou quase todos…

Anos depois, descobrimos a autora do furto. Era uma mocinha, até bonitinha, esposa de um dos bons amigos do Onetti e da Inês, que freqüentava constantemente a casa deles. E pelo que se soube, ela era – ou ainda é – cleptomaníaca. Mais tarde foram descobertos outros produtos e vítimas de seus furtos. Por essa e outras, o casamento deles foi para o espaço. Voltando ao Rei Olavo. A festa foi magnífica, segundo a colunista do Correio Braziliense, a minha saudosa amiga Katucha – né, Talita Aparecida de Abreu.

”Desta vez, foram utilizados os salões do terceiro andar, sendo incorporadas novas peças na decoração, entre elas o lustre “Revoada de Pássaros”, do artista pernambucano Pedro Corrêa de Araújo. A peça foi colocada no hall de entrada do terceiro andar, causando impacto”.

O Rei Olavo mantinha seu porte altivo, segundo a Katucha, sempre ao lado da filha, a Princesa Ragnhild, que residia em São Paulo e era casada com o industrial Lorentzen.

No dia seguinte, o Rei Olavo retribuiu a homenagem a Costa e Silva e Dona Yolanda, com um banquete nos salões do Hotel Nacional. Pela manhã, viajou para a capital paulista, seguindo depois para a Noruega.

PV

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