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Jane Klébia na selva política

Márcia força a barra para ter sua bancada de distritais

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Bartô Granja

Enquanto policiais ‘aloprados’ começam a jogar a toalha na disputa por cargos majoritários, outros representantes da categoria, embora não tão desatinados assim, engatinham em busca de um espaço ao sol tênue que atravessa a selva política de Brasília. E quem está mostrando suas garras, devidamente afiadas pela primeira-dama Márcia Rollemberg, é a delegada Jane Klébia.

Assessora do diretor-geral da Polícia Civil Eric Seba, Jane Klébia está sendo preparada por Márcia Rollemberg para abrir o árido caminho que leva à Câmara Legislativa. As duas vivem de mãos dadas, como siamesas. E é a partir da proximidade com a delegada, que a primeira-dama sonha em fazer uma bancada forte de deputados distritais, que dariam sustentação a uma suposta, mas pouco provável, reeleição do governador Rodrigo Rollemberg.

Jane Klébia já teve poder na estrutura do atual Governo de Brasília. Começou como secretária da Criança e do Adolescente, mas foi defenestrada da cadeira depois de transformar o órgão numa espécie de cabide de empregos para parentes e assemelhados. Com o tropeço, mesmo tendo uma madrinha forte, foi rebaixada à condição de prefeita-administradora de Sobradinho.

Mas, como tudo o que sobe sem um bom alicerce cai, Jane Klébia viu seu sonho desmoronar. Exonerada, voltou a usar um revólver no coldre e o distintivo de delegada, trabalhando diretamente sob as ordens de Éric Seba.

Porém, como o projeto Câmara Legislativa pode ser facilitado com o domínio de um curral eleitoral, os olhos de Márcia e Jane se voltaram agora para uma das duas delegacias de Sobradinho – a da cinquentenária cidade original e seu embrião, a administração regional de Sobradinho II. Há, contudo, um empecilho. A delegada não tem pose de xerife. Além disso, Sobradinho não é terra de cegos, onde quem tem um olho, é rei.

Nas rodas políticas os comentários são de que a visão de Márcia Rollemberg é equivocada. Insinua-se entre uma e outra conversa, por exemplo, que uma das maiores dificuldades de Jane Klébia, é sua total falta de habilidade política, a ponto de criar diversos problemas para o governo.

Essa inabilidade, atestam ex-amigos que fizeram a opção de afastar-se da delegada, prejudica o projeto político de Jane e, no turbilhão de problemas, da própria primeira-dama. Arrogância, por exemplo, não é virtude. É um defeito tão grave quanto a prepotência de quem pretende assumir um cargo imaginando ter poderes para fazer e desfazer.

A experiência da delegada em cargos avalizados pela primeira-dama não é das melhores. Passando com o carro na frente dos bois, Jane Klébia atropelou na Secretaria da Criança e do Adolescente a lei que veta a contratação de parentes, mesmo que via barriga de aluguel. Como se vê, seu currículo não é dos melhores.

A delegada Jane Klébia, em foto reproduzida do Google

Para lembrar um precedente, Jane Klébia bancou a nomeação da cunhada Judith da Paixão Vieira para a chefia de Gabinete da Secretaria, e Kleuber Nascimento dos Reis, seu sobrinho, como assessor. Não bastasse isso, outros quatros supostos parentes dela também foram nomeados naquele órgão, obrigando a Controladoria do Distrito Federal a abrir investigação interna. Logo depois, a secretária foi demitida. E não se falou mais no inquérito administrativo.

Apostando supostamente na força da primeira-dama, a delegada está fazendo circular, via WhatsApp, a informação de que assumirá o comando da 13ª ou da 35ª Delegacia de Polícia, ambos na região serrana de Brasília. A 13ª, por se tratar de uma unidade estratégica, é hoje comandada pelo delegado Hudson Maldonado. Seu perfil é de uma pessoa discreta, que não se alia a grupos políticos. Por isso mesmo é uma indicação pessoal do diretor-geral Eric Seba.

A publicação da nomeação de Jane Klébia estava prevista para o meio da semana. Entretanto, ao descobrir que iria para a 35ª e não para a 13ª DP, a delegada teria recorrido à sua “madrinha política” impedindo que o ato fosse publicado. Um dos principais motivos seria o de que a 35ª DP não serviria como trampolim para o ingresso na selva política.

Atentos observadores avaliam que a luta de Jane Klébia para assumir a delegacia na cidade-mãe está atrelada à sua candidatura a uma cadeira na Câmara Legislativa. Na pior das hipóteses, como é naquela unidade policial que se concentra o plantão de toda a região – incluindo Fercal, condomínios do Grande Colorado e Lago Oeste -, ela teria acesso a informações que poderiam ajudar na caminhada traçada originalmente com o aval de Márcia Rollemberg.

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