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Pesquisador brasileiro usa telepatia para fazer macacos trabalharem

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Três macacos conseguiram controlar simultaneamente um braço virtual, uma cooperação entre o cérebro dos três animais, em uma pesquisa liderada pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, responsável pelo exoesqueleto usado por um paraplégico na abertura da Copa do Mundo de 2014. A façanha do trabalho dos macacos abre portas para que, no futuro, seja possível a realização de tarefas coletivas apenas com o pensamento, desafiando a premissa de que as nossas mentes sempre estarão isoladas umas das outras.

Os resultados do estudo desenvolvido na Universidade de Duke, na Carolina do Norte (EUA), foram divulgados nesta quinta-feira (9) na publicação científica Nature Scientific Reports. Os cientistas implantaram eletrodos no cérebro dos macacos rhesus para captar os sinais das centenas de neurônios da região motora e sensorial do órgão.

Os macacos foram colocados em salas separadas em frente a uma tela de computador que mostrava um braço virtual em movimento. Eles tinham a tarefa de movimentar o braço em direção a um alvo e podiam utilizar um controle manual ou a própria mente para fazer os comandos de movimento. Os eletrodos faziam o trabalho de captar o pensamento colaborativo, que movimentava o braço.

Com treinamento, os macacos passaram a controlar o braço virtual com a mente de maneira cada vez mais colaborativa, na busca de um melhor desempenho da tarefa, porque quando eles acertavam o alvo, eram recompensados com os seus sucos de fruta favoritos.

Em outro estudo publicado na mesma revista, também desenvolvido pela equipe de Nicolelis, os autores construíram uma interface cérebro-cérebro, chamada Brainet (algo como rede cerebral), envolvendo quatro ratos, com o objetivo de demonstrar que a técnica pode ser aplicada em grupos maiores de animais e para outros fins.

Com eletrodos instalados no cérebro, os ratos foram expostos a uma série de tarefas computacionais lógicas. Também foi possível sincronizar a atividade cerebral desses animais para que eles resolvessem essas tarefas de maneira colaborativa.

Em entrevista ao jornal inglês The Guardian, Nicolelis afirmou que, em longo prazo, o estudo pode trazer “benefícios tremendos” para a reabilitação cerebral. Segundo ele, após sofrer um derrame, por exemplo, as habilidades de linguagem poderiam ser restauradas mais rapidamente se o cérebro do paciente fosse treinado pelo cérebro de outra pessoa saudável, a partir da sincronização entre as regiões de linguagem dos cérebros. Nos seres humanos, a ligação poderia ser feita de forma não invasiva usando elétrodos no couro cabeludo.

Nicolelis afirmou, no entanto, que isso não significa que os humanos serão capazes de compartilhar diretamente experiências mentais complexas.

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