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Segundo turno é diferente. Quem vota com a razão, evita o fracasso

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O processo eleitoral no Brasil reserva sempre surpresas. Os críticos, e ao que parece o PT também, julgam os eleitores uns idiotas. E somos. Não há razão nem conhecimento científico, seja sociológico, antropológico, histórico, capaz de explicar e decodificar o eleitor brasileiro.

O caso do Distrito Federal é emblemático. Arruda receberia quase a maioria dos votos caso não fosse impedido de disputar as eleições. Reguffe também receberia um percentual semelhante.

Só é preciso fazer contas: muitos eleitores que votariam em Arruda também votariam em Reguffe. Um foi preso, defenestrado da cadeira maior do Buriti e o outro, com a conivência da imprensa, consolidou a imagem de um menino correto. Ou seja, ambos receberiam uma montanha de votos das mesmas pessoas, embora frequentem ambientes e conceitos completamente opostos.

Quando o Sol se recolhia no sábado 4, o Instituto Datafolha revelava que Aécio está à frente de Marina e ameaça um segundo turno contra Dilma. É um resultado aceitável, razoável, diante da história de Aécio e Marina.

Os brasileiros são virais, essencialmente virais. Basta um avião cair e cai a racionalidade coletiva. Esse predicado do povo brasileiro, de amar o próximo e principalmente aquele que se foi tragicamente, tem adiado o avanço do país.

Tom Jobim afirmava que os brasileiros adoram os fracassados, o que inclui os desgraçados e infortunados, e usava Garrincha como exemplo, que morreu largado e abandonado. Zé Dirceu e Lula perceberam isso há muito tempo e multiplicaram por 200 bilhões a teoria. Tentaram e tentam até agora transformar o Brasil em uma Venezuela – Cuba era o sonho máximo mas ficou muito distante – mas subestimaram a sensibilidade dos brasileiros que chegaram aos smartphones graças ao plano de privatização das telefônicas de Fernando Henrique Cardoso.

A fórmula de Lula foi genial, muito bem percebida, na qual enganar a pobreza pode render um cenário sólido enquanto os companheiros fazem negócios na Venezuela, nos EUA, em Cuba, que rendem bilhões de dólares.
A turma de Zé Dirceu tem talento. A de Marina, que todo o tempo tenta surfar no mesmo cenário, não é tão eficaz. Acreditam que o Brasil é mesmo uma roça e que as oportunidades surgem na medida em que o povo, sempre enganado, é “maria vai com as outras”. E é. Mas não é tanto como gostariam que fosse.

A Marina factóide usou muito mal sua exposição. Só deve falar muito quem não tem nada a esconder e é capaz de convencer. As aulas de Marina com os evangélicos estão reprovadas, porque quanto mais falou, mais afundou sua imagem de madre de Tereza de Calcutá e expôs a sua restrita capacidade de tomar decisões, de suportar pressões, culpando todo o tempo todo mundo.

Marina se tornou enfadonha, fora do planeta Brasil. É um caminho, sem dúvida, usar o sentimento coletivo cristão para sensibilizar o povão, escravo do Bolsa Família e do Minha Casa, Minha Dívida, a ser mais vulnerável ao Além e escolher alguém que não esconde a informação de que é recordista em superar doenças e dificuldades.

A vida de Marina é uma desgraça. Então, sua qualidade é essa? Quer governar um país das dimensões do Brasil? Parece piada. Não que Aécio e Dilma não estejam no repertório do anedotário brasileiro. Mas das piadas, a melhor: Marina presidente, pelo que apresentou em debates, em sua trajetória parlamentar e executiva, pelos predicados que julga seu maior patrimônio, empurra os idiotas (nós) a refletir que o Brasil é um país a ser repensado.

O resultado das pesquisas traz uma esperança aos mais sensatos, que não comungam com as práticas bolivarianas nem com a enganação oportunista de que se o que existe é muito ruim, então vamos escolher qualquer coisa por ser menos ruim.

Vamos estabelecer uma recompensa: a candidata Marina é frágil, coitada, perdeu o marido político (ops), seu candidato majoritário em uma tragédia, tem um prontuário com o registro de doenças maior que os Lusíadas, mas se Lula deu o nó no povão sem ter uma história tão comovente como essa, porque ela, Marina Silva, muito mais massacrada pela vida não poderá ser presidenta da República?

No Brasil é direito adquirido ser fracassado. Pelo visto, cada vez mais. O problema de Marina são mesmo os smartphones, as selfies, o “progresso” anunciado pela turma da Papuda. Está chegando ao fim, embora o cenário estatístico eleja no DF Reguffe ao Senado, um provável segundo turno entre Frejat e Rollemberg e outras curiosidades. Não tá fácil sofrer hoje em dia…

Anote o resultado deste domingo: Aécio irá para o segundo turno contra Dilma e Frejat enfrentará Rollemberg em Brasília. Mas segundo turno, lembre-se, são outras eleições. Agora, ou você vota pela razão ou vota para premiar o fracasso.

Max de Quental

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